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Agora, a oficina online poesia feita de quê? possui um blog próprio http://poesiafeitadeque.blogspot.com/. Estão todos convidados: participem!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Cordão de Carnaval

( imagem:encarte do álbum Sonic Nurse)

MÚSICA PARA ESCREVER: música e poesia eram irmãs siamesas que passaram por uma cirurgia de separação, mas permanecem sempre saudosas da sua outra parte. A proposta é, então, reunir neste Carnaval poemas inspirados em canções, marchinhas, sinfonias etc.


regressões

iloveyougoldenblue o ar pontilha-se cintilante, simula-se o desmaio, no ventre de nossas mães não havia diferença entre estar ou não acordado, você dedilha acordes de uma infância inventada quando nãonada que eu saiba sobre o mundo quando os muros forem derrubados quando apenas as plantas mais fortes sobreviverem quando dinossauros destruírem com os dentes nosso conceito de alteridade

(poema de Andréa Catrópa, inspirado na música "I love you golden blue", da banda Sonic Youth)


Ouvindo Moon River

o céu destila
lua de crepom
veio prata
meia lágrima
fingida
de cristal japonês

(poema de Diniz A. Gonçalves Júnior, inspirado na música "Moon River", de Johnny Mercer e Henri Mancini)




Modinha para Anna Lívia

Quando bati a porteira,
levei
comigo a miragem
da
morena brejeira
com cheiro de manacá.

Faço
doidices por ela:
tiro duzentos mil réis
do
Banco da Lavoura
e compro
tudo em anéis.

Vendo
terras, boiada,
boto tudo na guaiaca,
vamos pro
Rio de Janeiro
beber champagne gelado.

Torro
inteiro o cafezal,
gasto o ouro de Gongo Soco.
Vamos
pular Carnaval
e
desfilar no Ameno Resedá.

(poema de Donizete Galvão, publicado em seu livro Ruminações, de 1999)



O azul da festa

Tudo azul

diz o folião

atrás do trio elétrico.


Tudo azul

diz a colombina

no meio do salão.


Tudo azul

diz o passista

enquanto ferve o frevo.


Tudo azul

diz a celebridade

no carro alegórico.


Ouvindo Robert Johnson

diante da encruzilhada eu digo:

tudo blues.

(poema deVictor Del Franco)



CLAVIERFANTASIEN


I

palavras como

emissões de cravo

atemporais

pinceladas de

espírito frescor

no limiar do rarefeito


II


palavras de um

balé de cores carnavais

que brincam se excitam

fantasias e prelúdios

brilham

antes da fuga


KUNST DER RUHE


palavras como quem

pisa pedras frias

de um palácio

afrescos e retratos

olhos vítreos que

vigiam

silêncios de verniz

(poema de Sandra Ciccone Ginez)