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sexta-feira, setembro 14, 2007

Tradução de Fábio Aristimunho Vargas

Apesar do atraso, continuamos nossas publicações. Escolhemos, para esta semana, um poeta "prata da casa", conselheiro editorial d'O Casulo, organizador da FLAP e co-fundador do Vacamarela. O poeta Fábio Aristimunho Vargas, autor Medianeiro (Selo Quinze & Trinta, 2005). No entanto, aqui será exposta uma outra faceta de Fábio: o tradutor português, espanhol, catalão e galego que publuca, exporadicamente no blog Medianeiro. Mais inusitado que suas ótimas traduções para o português é o processo inverso: tradução para o espanhol de um famoso poema de Fernando Pessoa.


MAR PORTUGUÉS
Tradução de Fábio Aristimunho

Oh mar salado, ¡cuánto de tu sal
son lágrimas de Portugal!
Te cruzamos: cuántas madres lloraron,
cuántos hijos en vano oraron…
¡Cuántas novias se quedaron solteras,
oh mar, para que nuestro fueras!

¿Y valió? Vale todo que se empeña
si el alma no es pequeña.
Si uno traspasar quiere el Bojador
hay que traspasar su dolor.
Dios le dio el abismo y el riesgo al mar
– y al cielo le hizo reflejar.



*



MAR PORTUGUÊS
Fernando Pessoa


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso , ó mar!

Valeu a pena ? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor .
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Fábio Aristimunho Vargas é advogado, poeta e tradutor. Formado em Direito pela USP. Autor do livro Medianeira (Quinze & Trinta, 2005). Foi presidente da Academia de Letras da FDUSP (1999/2000). Mantém o blogue Medianeiro: medianeiro.blogspot.com. Mora em São Paulo.


Fernando Pessoa é considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa tendo seu valor comparado ao de Camões. Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do Sul, a língua inglesa também possui destaque em sua vida, com Pessoa traduzindo, escrevendo, trabalhando e estudando no idioma. Teve uma vida discreta, em que atuou no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde desdobrou-se em várias outras personalidades conhecidas como heterônimos. A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia. Nasceu em Lisboa, capital de Portugal, em 13 de junho de 1888 e morreu 30 de novembro de 1935 na mesma cidade.

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