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terça-feira, março 18, 2008

Para aquecermos

A cidade São Paulo nos últimos dias sofreu uma enorme mudança de clima. Todos pegaram suas galochas, guarda-chuvas e agasalhos para enfrentas chuva e o frio. Foi durante estes dias que confirmamos, com muito entusiasmo, os preparativos para a edição 8 de O Casulo, prevista para o mês que vem.
Para aquecermos o blog (que, realmente, anda um pouco muxoxo) publicaremos agora dois poemas de Silvia Chueire. Re-inauguração em chave de ouro (ou pétalas irisadas).

no escuro

a noite é uma sucessão de horas no escuro
não importa, nada importa
mais uma vodka
uma garrafa de bom vinho
uma carreira branca
mais uma canção a ser cantada
com a garganta trêmula
do sentimento que acossa
o blues magistral fatia a noite
emudecidas as conversas
resgata faces, humanas

é tarde
esgotam-se as horas
o corpo se ressente de ausências
crônicas as palavras caem
sobre o bloco
apanhado ao acaso

o corpo se ressente e cai
nos velhos braços jovens da noite
risos e mais uma dança
antes do amanhecer
sobre lençóis suspeitos

é a vida, diria depois
condescendamos





rubra

há uma rosa rubra na noite
uma rosa de silêncios e segredos

estende-se na madrugada

ninguém sabe das pétalas irisadas
pelo orvalho.

há uma rubra rosa na noite
é tua



Silvia Chueire, carioca, médica, psiquiatra, com formação psicanalítica. Só há oito anos começou a escrever poemas. Tem um blog há quatro anos, o In the meadow e outro, bem mais recente, (uma tentativa) de prosa, o Sempre Ontem. Participação em revistas virtuais de literatura, Germina, Escritoras Suicidas, Minguante.
Um livro de poemas publicado em Portugal, pela editora Cosmorama, em 2005 : Por favor, um blues. Participação na coletânea 8 femmes, livro de poemas que tem oito autoras de diferentes regiões do Brasil, publicado este ano, edição das autoras, organizado por Virna Teixeira.

Um comentário:

Ailton Pereira disse...

Muito interessantes os poemas de Silvia Chueire. Particularmente achei belíssimo o poema "rubra", pois resplandece em beleza um enigmático universo de imagens que, além, se revelam em contato com o outro, de forma surpreendentemente particular.