Franz Weissmann, Grande quadrado vermelho, 1996(instalação metálica, dimensões desconhecidas, na Avenida República do Paraguai, Rio de Janeiro).
Franz Weissmann, Grande quadrado vermelho, 1996
Petrus Verdier, Mulher com xale, 1908
Tem início hoje o primeiro exercício para nossa oficina virtual Poesia feita de quê?, que tem como proposta a realização de poemas a partir de estímulos determinados. Nesta segunda, escolhemos três trabalhos fotográficos (posts abaixo) como possíveis desencadeadores do processo criativo. A idéia é que possamos não apenas produzir, mas comentar os próprios textos e os textos alheios. Para isso, basta se manifestar na seção destinada aos comentários. Não há prazo para postar, cada um pode produzir seu(s) texto(s) quando desejar. A utilização das imagens também fica a critério de cada um. É possível pensar em um poema a partir do conjunto, ou de cada uma em separado.Por trás de olhares misteriosos
Duas figuras femininas
Emaranhadas e entrelaçadas
Submetidas à paixão e ao desejo
Assim como o desespero que
Impera dentro de suas almas vazias
Há um lamento, uma compulsão
Seus rostos desfigurados por
Um excesso de atrativos que
Deveriam impulsionar a atração
Pelo menos assim lhes foi dito
Quem sabe mutuamente elas
Desejam algo que simplesmente
Não encontram por si só
Como se abrissem as janelas
Numa abstração irreconhecível
Para nós
(Eric Philip Sukys)

guia de viagem — gravurasexceto o corpo, piscina natural de dias quebrados, claustro e observação simultânea (clausura é somente ar, gotas azuladas) — cardo repele borboleta — pensou no ramo de azevinho (delicado entre amarelo verde vermelho) e na biblioteca de conchas, o coro do mar. talvez nenhuma imagem. à espera do hoxton car service, chaminés variadas. nenhuma delas uma presença real; nenhuma delas papoulas ao sol

Poema sobre uma fotografia
Assentou-se
entre livros,
os clássicos, os
contemporâneos,
livros
de toda sorte,
um e outro
casualmente
arranjado,
no colo um gato
rajado,
gato maltês,
para ser
fotografado
como um homem
de sabedoria,
mas
alguma coisa
no olho do gato o
denunciava:
não era Cortázar
a imagem sem centro
aSylviaPlath
a imagem
como ausência
sem centro,
sem voz,
sem cor,
sem um gordo cadáver
fala em solilóquio, faca
cega
que não corta mais seus signos
oh a irmã com os olhos cerzidos
entre as roseiras...
a doce irmã da infância...
quem de vós, em sã consciêcia,
desamordaçaria
Elfrangor?