Aviso:

Agora, a oficina online poesia feita de quê? possui um blog próprio http://poesiafeitadeque.blogspot.com/. Estão todos convidados: participem!

terça-feira, agosto 28, 2007

3 inéditos de Claudio Daniel

Seguindo a linha editorial do mês de agosto, deveríamos expor alguns poemas de Angélica Freitas (publicado no impresso número 6). No entanto, respeitando a poeta, desistimos de reproduzir os poemas de seu livro e aguardaremos algum inédito que a agrade. Os curiosos podem, além de ler O Casulo, procurar seu Rilke Shake, editado pela coleção Ás de colete.
Por isso, esta semana, temos a honra de publicar trêpoemas de Claudio Daniel ainda inéditos, que fazem parte do novo livro, em processo de criação, Fera Bifronte. Agradecimentos especiais ao poeta que, desde as primeiras edições, mostrou-se solícito, colaborando em diversas ocasiões com o jornal, ora com ensaios, ora com seus próprios poemas.
?

Animal metafísico desliza aspereza
até abolição de vocábulos.
Uivos óticos;
patas enviesadas;
fileiras assimétricas
de vértebras,
códices de enigmas ósseos.
Em branco aniquilar
sua mandíbula,
aberta como fenda sexual
interrogante.
Flora esquelética no pelame,
rarefeita desde os tufos
da cabeça,
um mofar de paisagem
desnudante.
— Seqüência numérica tatua seu dorso
improvável, circunscrito
à descentrada geometria.
Olho-de-raio persegue desfocados
passos súbitos
num deslocamento
de vermelhos.




PONTO

áspera paisagem de linhas
retorcidas
como ferros
de uma paisagem
amorfa.
desavença de cores
no espelho retrovisor;
cicatrizes alinhadas
nos pulsos, em desenhos
de fetos inanes.
esquinas meretrizam
esqueléticos ângulos
na noite desfocada.
unhas negras, peitos brancos,
hora sem cor,
autofágica garganta absorve
o asco de tudo.



CARANGUEJO

aquática paisagem, faixas de areia e uma seqüência de morros, horizonte simulando música. quiosques vendem camarões e mariscos. meninos magros e morenos jogam bola com uma cabeça decepada. a velha senhora inglesa lê o herald tribune com lentes bifocais. o sorveteiro anuncia profecias apocalípticas. há um furacão nas ilhas fidji. esferas planas surgem no céu de okinawa, como pegadas de urso. um sargento aposentado em kansas conversa com os peixes. não há nada que seja realmente absurdo. tudo está escrito em algum lugar, nas tábuas de esmeralda, no popol vuh, no livro tibetano dos mortos. há quem diga que a espuma no oceano é uma linguagem. há uma lógica irrefutável no movimento dos astros. o destino foi escrito nas palmas de nossas mãos. tudo isso ignoro, não me diz respeito; palavras são detritos como algas, conchas ou brincos oferecidos à deusa das águas. eu só deslizo as pinças entre possibilidades. invisto minha carapaça vermelho-marrom, que você tanto ama, até o centro da dúvida, para encontrar minha fábula. eu sou a imagem deste enigma, a contradição de um crustáceo

Claudio Daniel, poeta, tradutor e ensaísta, publicou, entre outros títulos, Romanceiro de Dona Virgo (Lamparina, 2004) e Figuras Metálicas (Perspectiva, 2005). Blog: Cantar a pele de lontra.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Ronald Polito

Continuamos com a publicação eletrônica dos poetas presentes na edição 6 do jornal. Hoje publicaremos alguns poemas visuais de Ronald Polito, da série intitulada Uns Tipos (2007). Esses poemas minimalistas propõem um novo olhar perante caracteres operacionais, usados diariamente por milhares de pessoas. Os olhos viciados, acostumados a ver os objetos em sua dimensão informativa (onde & equivale a partícula aditiva "e"; % equivale a porcentagem; etc) podem se assombrar com os novos significados que esses objetos adquirem sobre a nomeação do poeta. Surpreso?









Ronald Polito é mineiro e nesceu em 1961. Além de ser poeta, é também editor e tradutor. Entre seus livros estão Solo (Sette Letras, 1996), Intervalos (7Letras, 1998), De passagem (Nanquim Editorial, 2001) e Terminal (7Letras, 2006).

terça-feira, agosto 14, 2007

Marcelo Montenegro

Agora, depois do bem sucedido lançamento do Casulo nº 6 é a vez do blog receber uma carga de ânimo e se revitalizar. A idéia é usar este espaço para expor poemas, mini-contos, traduções, pequenos ensaios, apontamentos incisivos e outros textos de qualidade ainda não publicados e capazes que gerar um debate saudável sobre a literatura atual. Todas as terças teremos uma publicação nova e, claro, contamos com a participação de todos os leitores através dos comentários. Esperamos, assim, que a discussão literária seja ampla e democrática.

Para esta primeira publicação escolhemos o poeta Marcelo Montenegro que está na nova edição impressa do jornal e comparece aqui com outros poemas.

poema estatístico


Tem uma esquina prenha de um latido.
Trechos de pássaros que permanecem
nos muros que ficam. E vice-versa.
Um email anotado às pressas no canhoto do tintureiro.
A cirrose portátil. A síndrome do pânico.
O enroladinho de presunto e queijo.

Tem a Mulher mais Linda da Cidade.
Groupies de cabelo rosa. Poodles
da solidariedade. Alguém chorando lágrimas
de tubaína. Penélopes Charmosas.
Dick Vigaristas. Um cara que já sai desviando
do cinema del arte, evitando ser atingido
por alguma conversa perdida.

Tem a mulher da vídeo-locadora
que não conhece o filme que estou procurando.
Um amigo que diz que escreve só para colocar epígrafes.
Taxistas infláveis. Manicures em chamas.
Um casal que desce a rua na banguela
prolongando a gasolina daquilo tudo
que um dia fora. Eu ando apaixonado
pela mulher da vídeo-locadora.
Lendo revistas na sala de espera
do consultório dentário. Tem uma
que venta. E um que desiste.
De arranhar os vidros do aquário.

grutas


À paisagem gravitam
Nas grutas do invisível
Pequenas ou grandes coisas
Que não se explicam

E aparecem
E passam
Evaporam
E chovem no meio do mar

A gente nunca sabe a hora
E é sempre a hora exata

De se olhar

velhas variações sobre a produção contemporânea

Agora mesmo algum maluco
deve estar postando qualquer treco
genial na internet,
alguém deve estar pensando
em como melhorar aquele
texto enquanto lota o especial
de vinagrete, perseguindo
obstinadamente um acorde
voltando da padaria.

Agora mesmo alguém
pode estar pensando
que guardamos só pra gente
o lado ruim das coisas lindas –
assim, trancafiado a sete chaves
de carinho – alguém
pode estar sentindo tudo ao mesmo tempo
sozinho, assim brutalmente
sentimental, feito coubesse
toda a dignidade humana
num abraço tímido.

Agora mesmo alguém deve estar limpando
cuidadosamente o CD com a camisa,
pulando a ponta do pão pullman,
sentindo o baque da privada gelada,
perguntando quanto está o metro
daquela corda de nylon, trepando
no carro, empurrando o filho
no balanço com uma mão
e na outra equilibrando
a lata e o cigarro, agora mesmo
alguém deve estar voltando,
alguém deve estar indo,
alguém deve estar gritando feito um louco
para um outro alguém
que não deve estar ouvindo.

Agora mesmo alguém
pode estar encontrando sem querer
o que há muito já nem era procurado,
alguém no quinto sono
deve estar virando para o outro lado,
alguém, agora mesmo, no café da manhã
deve estar pensando em outras coisas
enquanto a vista displicentemente lê
os ingredientes do Toddy.

robert creeley band

Monga, a mulher-gorila:
na dúvida, rindo da Vida;
aqui, grudada no corpo,
como uma calça jeans
encharcada de chuva –
A preparação do salto
na cabeça do cervo morto.

A musa fatiada na véspera
do mágico – E o jeito encantador
com que a executiva
mexe o canudo
no copo de suco.

Na quermesse dos sentidos,
onde a noite troca de pele
com o dia – O céu esfolado,
anjos em velocípedes –
A esfirra que sobra
na lanchonete que fecha –
Onde o espanto
lustra seus rifles.

making of

Acabar com toda gentileza
E concluir minha própria temporada de caça
Parar de me arriscar
Dar o fora da minha natureza
Esganar essa ternura metida a besta
Sabotar a causa
Mutilar a festa
Desistir do que penso
Psicografar meu riso
Sancionar meu egoísmo
Panfletar este silêncio
Cultivar uma plantação de morcegos
E no meu alfabeto maluco de medos
Apagar de uma vez por todas
Todos os aposentos da delicadeza
Estuprar essa leveza
Destituir-me desta maldita mania
De sempre esquecer
Uma luz acesa

Marcelo Montenegro (São Caetano do Sul, 1971) é autor de “Orfanato Portátil” (Atrito Art Editorial, 2003). Têm poemas e outros textos publicados nos principais sites e revistas literárias do país. Ao lado dos músicos Marcelo Schevano (piano), Flavio Vajman (gaita), Marcello Amalfi e Fábio Brum (guitarras), criou o espetáculo “Tranqueiras Líricas”, apresentado, entre outros, no Sesc Pinheiros, Galeria Olido, Biblioteca Alceu Amoroso Lima, Galeria Virgílio e Casa das Rosas. Participou do projeto “Poesia na Idade Mídia”, no Itaú Cultural (Ago/2005), que reuniu 8 poetas brasileiros (Celso Borges, Frederico Barbosa, Rodrigo Garcia Lopes, Artur Gomes, Chacal, Ademir Assunção e Ricardo Aleixo) que viraram referência nesta intersecção entre literatura e música no palco. No mesmo lugar, em 2006, integrou o “A(u)tores em Cena”, com escritores contemporâneos sendo dirigidos por diretores de teatro. É roteirista e editor de vídeo e membro do grupo de teatro Cemitério de Automóveis onde opera luz e sonoplastia.

sábado, agosto 11, 2007

O Casulo, número 6

Ontem, a Biblioteca Alceu Amoroso Lima abriu suas portas para o lançamento do Casulo nº6. Durante algumas horas da noite, o anfiteatro recebeu um público disposto a ouvir poetas de diferentes estilos e inclinações e acolher a apresentação pública do coletivo de poesia Vacamarela, formado por jovens poetas (alguns dos quais, responsáveis pelo Casulo) que pretendem contribuir um pouco mais à cena literária contemporânea.

Após uma rápida apresentação de Frederico Barbosa, responsável pela organização de eventos da Biblioteca, o lançamento teve a participação especial do poeta Marcelo Montenegro lendo alguns de seus textos publicados nesta edição do jornal (em breve mais poemas do Marcelo, aqui no blog). O evento prosseguiu com a leitura intitulada sarau da Vacamarela: os atores Celso Borges e Carol Martins interpretando poemas de integrantes do coletivo Vacamarela com a intervenção musical, mais que bem-vinda, do músico Rafael Agra.

O violonista Vinix Leite contribuiu com seu pocket-show acompanhado por palmas do público. A música continuou em alto nível com Kadu Ayala que manteve os espectadores no mesmo entusiasmo. E, para encerrar com chave de ouro, um sarau aberto que contou com a presença de poetas já conhecidos do público e também de (ainda?) desconhecidos que resolveram esquecer da timidez e subir ao palco. Esperamos todos, e mais novos, nos próximos eventos!


O jornal foi distribuído de maneira satisfatória, sem esquecer que esta edição também será distribuída em escolas públicas da cidade de São Paulo e pretende estimular a leitura e produção de poesia nos jovens estudantes, através de oficinas literárias e do concurso "Saia do Casulo" que logo serão devidamente comentados.

terça-feira, agosto 07, 2007

Lançamento do Casulo nº 6 + sarau vacamarela

Contagem regressiva para o Lançamento do jornal O Casulo nº 6 + sarau vacamarela!!!

O evento, que acontece esta sexta, dia 10 de agosto, a partir das 19h30 na Biblioteca Alceu Amoroso Lima — R. Henrique Schaumann, 777 (esquina com Cardeal Arcoverde) —, será a primeira apresentação pública do grupo vacamarela — formado por jovens poetas — e contará com a participação de atores e músicos que, de alguma maneira, se aproximem da produção literária contemporânea.

Na ocasião, haverá distribuição gratuita do número 6 do jornal O Casulo que, nesta edição, traz uma entrevista com Zeca Baleiro, poemas de Angélica Freitas, Marcelo Montenegro e Ronald Polito, e imagens de Luli Penna e Francisco dos Santos.

E, sendo O Casulo um jornal que abre espaço para novos poetas, a partir das 21h15 o sarau será aberto ao público. Para se inscrever, procure um representante do grupo vacamarela na entrada do auditório da Biblioteca. As inscrições só acontecerão no dia do lançamento a partir das 19h00 e a ordem de leitura obedecerá a ordem de inscrição!

Segue abaixo a programação:

  • 19h30 - abertura com o poeta Marcelo Montenegro.
  • 20h00 - sarau vacamarela (Celso Borges e Carol Martins lêem poemas do grupo vacamarela com intervenções do músico Rafael Agra).
  • 20h30 - dois pocket-shows com os músicos Kadu Ayala, e depois, Vinix Leite.
  • 21h15 - sarau aberto ao público. Para participar, inscreva-se na entrada do auditório.

Divulguem a vontade !!!

domingo, agosto 05, 2007

ESTADÃO DE HOJE | caderno 2

Os preparativos para o lançamento d'O Casulo nº 6 já começaram. Confiram a matéria que saiu no Caderno 2 do jornal o Estado de São Paulo, na versão impressa e também na digital.

Em breve mais novidades sobre a nova edição do jornal.

Poemas contemporâneos impressos em jornal

O Casulo, idealizado por alunos da graduação e mestrado da USP, chega à 6.ª edição e lança concurso

Livia Deodato

Preciosos poemas contemporâneos estão guardados n'O Casulo, jornal de literatura elaborado por alunos da graduação e do mestrado dos cursos de letras, direito e jornalismo da Universidade de São Paulo (USP). Na próxima sexta-feira, às 20 horas, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima (R. Henrique Schaumann, 777, tel. 3082-5023), está marcado para ocorrer o lançamento do 6º número do jornal, que traz poemas de Angélica de Freitas, Marcelo Montenegro e Ronald Polito, além de uma entrevista com o músico maranhense Zeca Baleiro. As ilustrações são de Luli Penna e de Francisco dos Santos.

Graças ao apoio do projeto de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), da Secretaria da Cultura da Prefeitura de São Paulo, essa mais nova edição de O Casulo alcançou uma tiragem de 30 mil exemplares contra 2 mil do último número, publicado em março/abril. Eles serão distribuídos gratuitamente em 88 bibliotecas, 150 escolas de ensino médio, entre municipais e estaduais, e 23 Centros Educacionais Unificados (CEUs). "Com o apoio da Prefeitura, ainda iremos oferecer 20 oficinas de criação literária em setembro, com 2 horas de duração cada uma", adianta um dos editores do jornal, Eduardo Lacerda. As oficinas buscam servir de base para formação de multiplicadores e o foco estará voltado para autores contemporâneos, "para a literatura de quem está produzindo hoje", nas palavras de Lacerda, "que aproximam mais os jovens".

"Às vezes saio do cinema/E me ponho a andar/Cartografia pessoas/Apenas olhar/Ter a leve impressão/De que a cidade está grávida/De um outro lugar", diz Matinê, um dos sete poemas do paulista de São Caetano do Sul Marcelo Montenegro, que colore a mais recente edição de O Casulo. Ou ainda "Esse tempo não é teu./Nem nenhum./Capitula teu pacto unilateral./A tua combustão espontânea acelera./Esta é a fronteira entre dois desertos", do mineiro Ronald Polito, em Emblema.

Com o fomento de R$ 15 mil recebido através do projeto VAI será possível publicar também a próxima edição d'O Casulo, prevista para o fim do ano. E ainda promover o 1º Concurso Saia do Casulo, destinado a alunos do ensino médio da capital. "Selecionaremos de 3 a 20 poemas para publicarmos n'O Casulo, além de premiarmos os vencedores com livros doados pelas editoras Azougue, Escrituras e Lucerna, que já nos concederam 150 obras até o momento", conta o editor e também poeta. Para mais informações, escreva para ocasulo@gmail.com ou ligue no (11) 6104-8873.

A idéia da publicação é abrir caminhos para autores talentosos, a exemplo da advogada e poeta Ana Rüsche, que publica seus textos desde a 1ª edição d'O Casulo e recebeu, no ano passado, uma bolsa de criação literária por meio do Programa de Apoio à Cultura (PAC), da Secretaria de Estado da Cultura. Ela deve publicar seu romance Acordados até o fim deste ano.

Em novembro, a associação de escritores Vaca Amarela, alguns dos quais responsáveis pela edição d'O Casulo, vai lançar uma antologia de poemas numa edição trilíngüe (espanhol, inglês e português).

quarta-feira, junho 27, 2007

FLAP 2007

FLAP 2007: CONTAMINAÇÕES
Contato: flap@projetoidentidade.org
São Paulo:29 de junho. Casa das Rosas (Av. Paulista, n° 37)
30 de junho e 1º de julho. Espaço dos Satyros I (Pça. Roosevelt, nº 214)

Rio de Janeiro: 4 e 5 de agosto de 2007(programação em breve)
Realização: Projeto Identidade
Apoio: O Casulo, Casa das Rosas, Os Satyros & Sebo do Bac

PROGRAMAÇÃO
sujeita a modificações

Sexta-feira, 29 de junho
Aberto para Balanço: Leitura de Poesia Contemporânea
Casa das Rosas (Av. Paulista, nº 37)
Cada poeta lerá poemas de sua autoria e homenageará outros poetas.
19h: Apresentação: Frederico Barbosa
Abertura: Eduardo Lacerda e Thiago Ponce (ambos do Projeto Identidade)
Alfredo Fressia (Contador Borges e Fábio Aristimunho Vargas)
Antônio Vicente Pietroforte (Del Candeias e Delmo Montenegro)
Lilian Aquino (Andréa Catropa e Heitor Ferraz)
Cláudio Daniel (Eduardo Jorge e Adriana Zapparoli)
Maiara Gouveia (Cláudia Roquette-Pinto e Rodrigo Petrônio)
Fabiano Calixto (Benjamin Prado)
Horácio Costa (César Vallejo e Xavier Villaurrutia)
Paulo Ferraz (Donizete Galvão e Fábio Weintraub)

21h - Intervalo
Cláudio Willer (lê amigos)
Mavot, Cooperifa (Eduardo Lacerda e Sérgio Vaz)
Bruna Beber (Ana Guadalupe e Alice Sant'Anna)
Pedro Tostes (Maloqueiristas: Berimba de Jesus e Caco Pontes)
Dirceu Villa (Ana Rüsche e Ricardo Domeneck)
Ronald Polito (Carlos de Oliveira e Júlio Castañon Guimarães)
Ruy Proença (Antônio Moura, Eucanaã Ferraz e Rubens Rodrigues Torres Filho)
Sérgio Mello (Augusto Silva e Luana Vignon)

Sábado, dia 30 de junho
Espaço dos Satyros I, Pça. Roosevelt, nº 214
[1] 10h às 11:30h - Abre-alas: Contaminações
Mediação: Andréa Catropa, poeta - Antonio Vicente Pietroforte, escritor e Prof. Dr. Depto. Lingüística, FFLCH-USP- Glauco Mattoso, poeta - Anselmo Luis, o Bactéria - Marcelino Freire, escritor


[2] 13h às 14:30h - Turma do Fundão: A Literatura na Sala de Aula
Mediação: Ivan Antunes, poeta - Maria Elisa Cevasco, Profa. Dr. Depto. Letras Modernas, FFLCH-USP - Rodrigo Ciríaco, escritor e educador- Eduardo Araújo Teixeira, professor de literatura e meios audiovisuais- Adilson Miguel, editor de literatura juvenil - Eduardo Lacerda, editor de O Casulo - Jornal de Poesia Contemporânea

[3] 14:30h às 17h - E quem vive disso?
Mediação: Roberto Moreno, jornalista- Marcelo Siqueira Ridenti, Prof. Titular de Ciência Política, UNICAMP- Santiago Nazarian, escritor - Maria Luíza Mendes Furia, poeta- Andrea Del Fuego, escritora- Juliano Pessanha, escritor

Domingo, dia 1º de julho
Espaço dos Satyros I, Pça. Roosevelt, nº 214
[4] 12h às 13:30h - O Além Livro
Mediação: Del Candeias, poeta- Alberto Guzik, crítico, escritor e dramaturgo- Lourenço Mutarelli, escritor e cartunista - Mario Bortolotto, escritor e dramaturgo- Eduardo Rodrigues, escritor e roterista de quadrinhos

[5] 14:30h às 16h - Influenza: Soy loco por ti América
Mediação: Fábio Aristimunho Vargas, poeta e tradutor- Vanderley Mendonça, editora Amauta- Horacio Costa, poeta e Prof. Dr. Depto. Letras Clássicas- Maria Alzira Brum, tradutora e escritora- Alfredo Fressia, poeta e tradutor - Joca Terron, escritor

16h - Encerramento
Leitura de Marcelo Mirisola
Divulgação do vencedor do Concurso Sigla FLAP! 2007

Inscrições: Para participar da FLAP! não é preciso realizar inscrições prévias, respeitaremos a ordem de chegada do público.
Certificados: quem precisar de certificados deverá preencher ficha de cadastro na abertura dos debates (sábado, 10h). Os certificados serão entregues no encerramento do evento (domingo, 16h).

Dúvidas? Escreva para flap@projetoidentidade.org.CONCURSO DA SIGLA FLAP!: O que significa "F.L.A.P."? Deixe sua sugestão com os organizadores durante o evento! No domingo, a melhor sigla será premiada!

FEIRA DE LIVROS: Paralelamente ao evento será promovida uma feira de livros na Praça Roosevelt, do qual participarão várias editoras, oferecendo descontos a partir de 40%!

sexta-feira, junho 08, 2007

8 femmes + 12 de junho




Quer levar um tapa (e descobrir que seu amor é canalha), ou ganhar um beijo e comprovar a sensibilidade de seu par? Então, apareça no lançamento da plaquete 8 femmes, que reúne poemas de Ana Maria Ramiro, Ana Rüsche, Andréa Catrópa, Marília Kubota, Silvana Guimarães, Sílvia Chueire, Simone Homem de Mello e Virna Teixeira (organizadora). O evento começa às 20h, e as poetas irão ler textos.
Para mais informações, ligue 3826-7833 (AIC).

quinta-feira, maio 24, 2007

O BANQUETE
leitura de poesia brasileira contemporânea

ANA RÜSCHE
ANDRÉA CATRÓPA
ANNITA COSTA MALUFE
DANILO BUENO
DIRCEU VILLA
EDUARDO STERZI
FABIO WEINTRAUB
FABIANO CALIXTO
FABRÍCIO CORSALETTI
VERONICA STIGGER


30 de maio de 2007
CASA DAS ROSAS - 19H
AVENIDA PAULISTA, 37
PARAÍSO – SÃO PAULO
TEL: 3285-6986

quinta-feira, maio 03, 2007

Lançamento do Casulo 5 em Belo Horizonte


Sábado, 5 de maio, em BH

O espaço cultural LETRAS E PONTO convida
para a primeira edição do encontro LETRA VIVA


Curadoria: Mônica de Aquino
Convidados: Elisa Andrade Buzzo, Andréa Catrópa e Eduardo Lacerda

Participação especial: Ana Gusmão
Leitura de textos de Maria Esther Maciel, além de outros, escolhidos pelos convidados

Local: espaço Letras e Ponto, na rua Inconfidentes, 1169 – Savassi.

Data e hora: 05 de maio, às 11h.

sábado, abril 14, 2007

(re) lançamento do Casulo 5 - 15/04


Proposta de debate

Abaixo, a poeta Sandra Ciccone expressa discordância em relação à crítica ao seu poema "Beleza", que foi publicada no Casulo 5. Para que sua resposta faça sentido e possa ser debatida, publicamos também aqui o poema e o comentário a que se refere.
Bonde Errado do Thiago

Thiago Ponce em seu exercício de crítico literário atingiu apenas a superfície dos textos. Do poema "Beleza" ele diz: "que a proposição temática do poema é de importância pouca e de alguma fragilidade". Um tema não é em si frágil ou forte. Depende de como ele é desenvolvido. Se fosse assim, não precisaríamos ir ao cinema, ficaríamos apenas na sinopse. Foi o que ele fez. “Beleza” é um poema que expõe três versões dela mesma: a mulher e seus contornos, o homem e a força muscular como sinônimo de beleza, e a versão do terrorista suicida frente ao poder de destruição (que sua morte produz). Esse produto de destruição pode ser encarado por ele como uma forma de atingir o belo. Como se vê; é uma reflexão no mínimo atual. Não se trata de defender ou criticar a vaidade, a cirurgia, os anabolizantes, e o homem bomba, mesmo porque este não é o papel da poesia; mas de cutucar a questão.

BELEZA



até o papel de
pele da beleza
ser poder de seda
ter poder de poder
permanecer no
top of seduction
alguém se opera

até músculos serem
força
alguém se bomba
bela vitrine da
bomba de chocolate
belo esboço bronze
dorso

até nova ordem
ter poder de morte
alguém se explode
belo cinturão negro
belo alvo
despedaçado
(Sandra Ciccone Ginez)
Entre sons e sensações
Sabe-se, pois, que arte é o que é e, sendo, possui partes várias que são, numa peça tal, relevantes e imprescindíveis. Caminho, então, de encontro aos poemas de Ciccone - em minha tentativa de apresentar o que penso perceber na estruturação geral deste conjunto de Poemas que, de uma forma ou outra, lançam-se como sensações quando leio. Portanto, como leio, tenho imprecisas e vagas constatações, que não comprometem ou aprimoram o que vai escrito pela poeta.
Ao andar no que li pelo que li, digo da primeira sensação: a intenção da poeta é a sonoridade nos versos. Direi apenas que a intenção parece a de tentar criar o fugaz na escuta plástica dos versos, entrecortados, como estão, em falhas de algum jeito calculadas. Para exemplo aponto o poema Amazon, que mesmo sendo bastante discursivo desenvolve certa economia verbal; necessária para sustentar a amplitude da fala: "senha da selva é entrar/ camuflada/ com marcas do que/ não é cidade".
Outro exemplo é o poema Beleza. Sua velocidade intui a rapidez do contemporâneo: "até o papel de/ pele da beleza/ ser poder de seda/ ter poder de poder/ permanecer no/ alguém se opera/ top of seduction". Há de se perceber que a proposição temática do poema é de importância pouca e de alguma fragilidade; sendo assim, se perceberá o esforço de musicalidade que, por arranjo áspero, cria ruídos rítmicos que acompanham a fatalidade do som: a impossibilidade da conclusão no pensamento do que seja. Configura-se, pois, colocada de lado a temática, uma busca pela sensação de escape que o balbucio das palavras demarcam - o que é ainda a permanência da sensação moderna da anteescrita, muito usada pelos dadaístas.
Sensações. O que resta, então, da leitura dos poemas? Faria ressalvas, muitas; algumas por não saber ser crítico (como se entende por ora) e por me opor às intenções de superação ou aperfeiçoamento da literatura através da interposição de uma consciência alheia, fria e fraca. Outras ressalvas se fariam por ter de partir daqui para colocar o que se me coloca. Não existindo jeito ideal ou fuga, anuncio de pronto que estive a externar uma sensação de leitor de poesia, submetendo-me ao ler os poemas de Sandra Ciccone; estive, assim, a ler sensacionistamente, sem cair no banal do comparativo falho, no óbvio e no evidente de um comentarista.


Thiago Ponce de Moraes

sábado, março 31, 2007

Os excluídos dos "excluídos"

por Andréa Catrópa


Na última sexta-feira do mês de março, mais especificamente ontem, foi realizado aqui em São Paulo o debate Caminhos da Literatura Contemporânea. A mesa foi composta pelos professores Jorge de Almeida, Roberto Zular e Ana Paula Pacheco e pela editora Camila Diniz, com mediação do poeta Frederico Barbosa.
Apesar dos vários pontos interessantes e provocativos levantados na ocasião, algo me chamou a atenção durante a fala da Professora Ana Paula Pacheco. Ao discorrer sobre alguns aspectos daquilo que se convencionou chamar de Literatura Marginal (expressão aplicada à prosa de autores como Paulo Lins e Ferréz), também usou o termo “literatura dos excluídos”. Este termo foi o que me incomodou, talvez porque eu já entenda o termo “marginal” como um rótulo que por força do uso acaba dissimulando suas contradições.
Mas fiquei pensando, sem nenhum cinismo, quem são os excluídos? Um dos exemplos dados foi a Irene, do poema “Irene no céu” que, se não me engano, foi considerada representativa da passividade dos “excluídos” na literatura modernista. No entanto, o poema antes me parece mostrar o ponto de vista carregado de afetividade de um privilegiado, que talvez expie um pouco de sua culpa ao imaginar que, pelo menos no céu, Irene teria uma recepção digna. Considero que o exemplo dado da prosa de Alcântara Machado seria mais adequado à representação textual da voz de uma parcela da população marginalizada pelas classes altas.
No entanto, quando pensamos em um contexto contemporâneo, o que definiria o “excluído”: a etnia, a situação econômica, a profissão, o sexo ou a opção sexual? Qualquer uma desses fatores (por exemplo, ser prostituta), ou apenas quando aparecem combinados (ser prostituta negra)? E um indivíduo pode ser “excluído” no plano social (negro) e “incluído” na esfera literária (escritor reconhecido)?
Confesso que acho problemática a visão do ”excluído” estar sendo representada principalmente por homens heterossexuais, brancos ou negros. Já que estamos com um pé nos estudos culturais, onde se escondem as outras minorias? Porque isso me faz pensar: cadê os índios? E as mulheres da periferia, que sofrem com a discriminação misógina de muitos rappers e outros artistas que supostamente são os porta-vozes dos desprivilegiados? Eles e elas existem. Provavelmente fora do mapa literário.

O Casulo - nº 5

capa do Casulo nº 5 - fotomontagem de Carol Dimitrov


Confiram nesta edição impressa do Casulo mais textos dos 15 poetas - acompanhados das respectivas críticas que participam da seção
Toma lá dá cá, além da entrevista com o jornalista Ivan Marques, ensaios de Claudio Daniel e Iván García, e a prosa enxuta de Mario Rui Feliciani e Marcelino Freire.

Esperamos também que os leitores animem-se a ampliar o exercício crítico do jornal aqui no blog. Portanto, comentem, critiquem, debatam.

Ana Paula Ferraz


Coração lua de vento

vida brisa

fino sopro no corpo ardendo

sai sai sai

Coração relógio do tempo

desponteiriza

os segundos, o momento

vai vai vai

O canto é tarde, me sento

ávida vida, me brisa, por dentro

____________________


Na adega

Céu de vinho

noite de uva

tua, turva

Vida de veludo

festa das salivas

sob o céu das bocas

________________



No seu corpo, harpa

veias vibrantes cordas

notas corporais

pingos águas bailarinas

corpos musicais

Ouço silêncio de sinos

o infinito é sem ritmo

vaga suspensa melodia

voam badaladas de saudade

venta peito, soprar não posso

Desconhecidos são os caminhos do som

Ana Rüsche

La ciudad de Nuevo Laredo

tem muros velhos, dívidas

e grandes esperanças

poucas léguas do que pasa en el paso

siga o coyote

tão longe de deus


homenagem

te faço


no banheiro

rangendo o silêncio, entre ladrilhos


sobre o ancoradouro de navios no espaço

recados vencidos e

livros encomendados não prestam

pois o amor é um homem que carrega flores

e todos o olham

desde 1929 aguardo o telefonema

para que me rasgue esse pijama rosa

esculpa cicatrizes nessa boca de sorrisos

esmaltada em rótulos te espero

nas mãos desejo e nos pés fada

para esvoaçar por teus olhos pela luz rara dos loucos

a noite foi me atirar a outras carniças

empapar a face de máscaras, um olho e o outro

pé e o outro, descalços pés na calçada

o amor não se encomenda

flores nunca foram para mim



Andréa Catrópa



brasileirinho

l´ennui é o que arrasa os corpos no morgue, meu amor,

não o que deveríamos sentir com tantos chocolates nas vitrines

e amantes sorvendo café enquanto trançam pernas.

turistas no nosso país, chéri.

lembro-lhe que le spleen est né em Paris

e agora podemos rir aplaudindo baianas sambando

ao som de metrancas e pivetes esmagando o grilo

da fome na garganta.




?

qual o centro do mundo

cãoali onde ele é

dente nunca afago

1) um hospital com seringas

contaminadas 2) a fonte

em que nasce a água

a ser desprezada 3) as balas

perdidas a mira certa 4) os grãos

podres nos silos 5) os ratos que mijam

nas poças onde crianças lançam barcos

que vão encalhar.



homologias

foi com a melhor das intenções que calamos os pássaros e destacamos pontos iluminados pela predominância da sombra – a doçura resultou assim de nossa invenção do amargo.

sua careta me faz graça e também me enche de pena, mas precisamos da inocência para fabricar os sábios, queremos seu torpor como mola de um salto, sabemos que seguiremos assim sendo diferentes mas com um sempre tênue ponto de contato

Daniela Osvald Ramos

Roteiro das frustrações


cada estação

uma parada

a mão estendida sobre

a criança.

____________

Tranqüila como em um hospital: se recuperando. Nãonada a fazer senão melhorar do mal, chagas em chamas, ardência estúpida. Falta e ausência eterna, pai. A mãe eu deixo no hospital, foi que nossa relação acabou. Mas ele, eu achava...ele é homem, ele pode.

________________

Sempre com mais consciência. Sempre que vive, ganha um pouco, isso é certo. Pensando se será cópia de algo, daquele que observou e observa, ele se mantém vivo através disso, pode ser, uma visão romântica de continuidade. Também certo é que a incerteza, a solidão, a dúvida, habitam com sinceridade e são quem são. A continuidade será fato, não precisa de nenhum sentimento que a mantenha viva, porque acontece.

Diniz Gonçalvez Júnior






será de que sorte
o
pano do mágico
caiado de
estrelas


uma
coleção de farsas
espie,
disfarce
truque ou invento


atirador de
facas
plásticas finca a
esfinge no castelo
de
cartas

***


da
sibila, acaso
jogo de conchas
de mareamar

areia úmida
de
instantes :

tecido geométrico
da
calçada em frente
ao
aquário municipal

***

Estrada Velha

carrinho de
rolimã tira

lasca da ladeira

uma
dança em

ziguezague quase

queda à beira
do
meio-fio cáries
do
ar constelações
de
estilhaços caminho

da
boca do mar

Donny Correia


GRAF ORLOK

nave lançada

ao mar:

peste

passeia

entre nautas

morte eminente

mascotes

roedores

águas castigam

o casco

um a um

corpos robustos

quedam-se

ressequidos

noturno títere

zumbi acordado

ergue ereto

do caixote

a r r a n h a d o

a loucura

paira através

do horrendo resto

sombras

governam o convés

ao ancorar

do umbral a velas

um conde

com sua morada

a tira colo

reconhece a

vizinhança:

nova

condenada


M as in MURDER

quando me tirou as muletas

como se fosse uma surpresa

carinhosamente guardada

fadada ao momento propício

pensei:

(por um

segundo e

dez dias)

que minhas próprias pernas

(as que talvez nunca

tivessem existido)

tinham-se atrofiado

a facada em meus

olhos (esta carenagem da

dor)

serviu para iluminar o tecido

de lama movediça

(tudo era tão claro)

(tudo era tão nítido)

(tudo era tão inevitável)

(e inviável)

não sou de dar ouvidos

aos seus gemidos germinados

em meus tímpanos

não fui morrer em vida

e te dar este prazer sem

fim

não dei trela aos

espasmos noturnos

nem à sudorese perpétua

(daqueles dias)

ignorei as visões eróticas

onde eu não era mais

protagonista de porra

nenhuma

fiz que os gritos

de “loser”

não eram para mim

(e nunca foram)

chutei a cabeça

da melancolia e

comi as tripas quentes

da depressão que você

endereçou

(carinhosamente)

ao EUremetente

foi lindo descobrir que

existem mares além

dessas parcas conchinhas

as quais você se resume

hoje, se cruzasse o meu

caminho

em busca de uma revisão

um revival, uma foda

ocasional

certamente eu vomitaria

com asco em seus cabelos

lindos e lisos (embora eu

os dissesse

ressecados)

zombaria de sua cicatriz

e a veria mais gorda

com os peitos postiços falidos

(postiços, e falidos!)

pneus, pneus e mais pneus...

isso tudo é tão pequeno,

absurdamente pequeno

ridiculamente pequeno

mas

te faz tão mal...

ah, como faz...


O HOMEM COM UMA CÂMERA

Para o homem com

uma câmera

/ com olhos de vidro,

visão kinoperplexa,

pistola de luz,

e ação /

a cidade acorda tímida.

Folha após folha

(de jornal), acorda aos poucos.

As pedras minúsculas

da calçada ouvem

passos distantes.

Hora após hora,

agora o barulho

engole a cidade,

o barulho empala

os olhos retidos

com fotos em

focomovimento.

Vertov tudo:

/registrassiste/

declinações cirílicas,

ação sem

som do sentido.

Imprime perpétua

a imagem sinfônica,

gangorra da metrópole

inundada de astros

anônimos:

máquinas mesquinhas

animáquinas miméticas.

Guarda em película

celulóides de gente,

empalha olhares

em planos de fuga,

tangentes rompidas

por rodas e tráfego.

Em cada canto

um microponto

mudo

em preto-e-branco.