A última Ceia
Há regras à mesa
como em um brinquedo
de quebra-cabeça.
/ E eu não entendo
os dispostos à esquerda
dos pais.
Restos do pequeno
que sentavam ao meio
da mesa (como prato
que se enche
e procura lugar entre
as pessoas). /
Já não me encaixo
depois que aprendi
a olhar de lado
e sair por baixo.
Embrulho
“Se devíamos chorar quando os palhaços começam a folia,
Se devíamos pinotear quando os músicos se põem a tocar,
O tempo nada dirá mas eu o preveni.”
(W.H Auden)
esgar de assopros
incineram
os fogos.
apagado
sorrio
(de lado)
fria a vela
o desejo retorna ao estado
de espera.
E eu espero.
E eu estou de parabéns.
para Tere Tavares
(nossos corpos atravessados:
– era este o nosso pacto.)
esperávamos pelos carros,
mas os carros não passavam.
(era noite e os carros não passavam)
não seríamos atravessados.
/ e você se levantou
passou pelo meu corpo
e depois se deitou
(deitou do outro lado)
e eu fiz o mesmo
juntos recriamos o medo
de que se passarem por cima
nunca mais cresceremos /
Um comentário:
Bonito poema que fala da rua , lembrei de uma música cantada pela marisa monte do arnaldo antunes e branco melo " eu não sou da sua rua / eu não sou o seu vizinho / eu moro muito longe sozinho / estou aqui de passagem / esse mundo não é meu / esse mundo não é seu "
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