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sábado, março 31, 2007

Fábio Aristimunho Vargas


Poesia sem fundo

1.

o motorista do ônibus,

mãos grandes e firmes e fortes,

fala somente o indispensável

mas engata uma segunda-feira

como ninguém diria.

2.

na mesa um souvenir:

lembrança do rio”.

e o dia quente fora

invariavelmente mais frio

que o ar-condicionado

aqui de dentro.

3.

a moça da calçada

ela passa tão doce

que chega a ser irritante.

não houvesse tantas passantes

o dia perdia o sal.

4.

enquantopassarinhos

cantando,

meus cheques passarão,

voando.

se eu tivesse o talonário dos seus olhos

não precisava de tantas desculpas.

5.

o caixa eletrônico

engoliu minha identidade.

e eu que precisava

de um isqueiro novo,

um sonrisal

e uma boa foda.


Poema extraído de uma resenha no jornal

Seis jovens americanos bronzeados e malhados divertem-se numa praia brasileira.

Uma das meninas decide fazer topless.

Os universitários bebem, jogam futebol e curtem amassos numa cachoeira.

Assim começa o trailer do filme Turistas, que será lançado em dezembro.

Até , mais um filme americano de estereótipos.

Na continuação do trailer, no entanto,

percebe-se que Turistas vai um pouco além dos lugares-comuns sobre o Brasil.

“Num país onde vale tudo, tudo pode acontecer”, diz o vídeo,

enquanto imagens mostram os jovens sofrerem o golpe do boa noite cinderela

e serem feitos reféns numa casa na selva...

Ah, esses americanos.

Sempre condescendentes demais com a própria história,

tão alheios à geografia alheia.

Ainda bem que no Brasil a gente sabe distinguir perfeitamente

a Nigéria da Costa do Marfim, a Letônia da Ucrânia e a Nicarágua da Guatemala.


Palindrômica

1. álvaro de campos

a ira bate: tabacaria

2. canto general

“a vaga vida dure”, neruda divagava

3. emílio no espelho (1969)

ato idiota

4. terra

mesmo com, sem

5. advertência

, dr., ardia

6. constatação

é verborrágico o cigarro breve

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